Lean Manufacturing ou Manufatura enxuta é o nome dado ao Sistema Toyota de Produção que tem na sua essência a identificação e a subsequente eliminação de desperdícios, com o propósito de melhorar a qualidade, reduzir custos e aumentar a velocidade de entrega do produto aos clientes.
A manufatura enxuta é uma filosofia (ou seja, não uma metodologia, mas uma crença ou maneira de pensar) focada em melhorar a eficiência, como por exemplo, custo, fluxo e pontualidade. A ideia é alcançar o mesmo nível de eficácia (qualidade/precisão) em menos tempo ou com menos esforço.
De acordo com Womack e Jones (2010), existe um poderoso antídoto ao desperdício: o pensamento enxuto, que é uma forma de especificar valor, alinhar na melhor sequência as ações que criam valor, realizar essas atividades sem interrupções toda vez que alguém as solicita e realizá-las de modo cada vez mais eficaz.
Enxuto significa eliminação de perdas! No entanto, muitos executivos acreditam para isso basta treinar algumas pessoas nas ferramentas do Sistema Toyota de Produção, como heijunka, kanban, takt time, etc. e pronto, agora basta aplicarmos tudo isso e nos tornaremos enxutos.
Infelizmente não é tão simples assim. Aprender uma determinada ferramenta da maneira como a mesma é aplicada na Toyota, não significa que qualificará qualquer pessoa a aplicar a ferramenta em seu ambiente de trabalho.
Mas isso não é exclusividade do Lean Manufacturing, o mesmo ocorre com o Seis Sigma.
As empresas treinam inúmeros belts por ano, que aprendem inúmeras ferramentas, testes de hipóteses, regressão linear, análise de variância, etc., mas quando voltam para a realidade de seu ambiente de trabalho fazem a seguinte pergunta. “Por onde começo?” E após alguns instantes começam a se lamentar. “Nos exemplos dados no treinamento o processo era diferente do nosso”.
Infelizmente poucos absorvem os conceitos (a ideia central) que conciliados com as ferramentas apresentadas nos treinamentos permitirão as pessoas definirem um problema real e então, aplicar as ferramentas adequadas que fazem sentido para a sua realidade e resolver o problema.
Conhecer ferramentas, mas não saber porque usá-las e como usá-las, não faz o menor sentido! No entanto, essa é a realidade que enfrentamos em todas as áreas de conhecimento, do contrário não teríamos tantos erros médicos, recalls, acidentes aéreos, falhas mecânicas e elétricas, desabastecimentos, e por ai vai…
Agora voltemos ao Lean Manufacturing! Pra mim a base de tudo está na descrição de Taiichi Ohno, sobre seu trabalho na Toyota.
“Tudo o que estamos fazendo é olhar para a linha de tempo desde o momento em que o cliente nos faz um pedido até o ponto em que recebemos o pagamento. E estamos reduzindo essa linha de tempo, removendo as perdas que não agregam valor”.
Avaliando por esse ponto de vista, fica claro que sempre há perdas sem valor agregado que podem ser eliminadas!
Sempre haverá interesse em reduzir o lead time e em aumentar a eficiência do processo!!!
Redução do lead time e aumento da eficiência do processo
Essa é a premissa do Lean Manufacturing, identificar e eliminar as perdas em todas as atividades de trabalho. Mas isso só é possível definindo adequadamente o problema e compreendendo sua verdadeira causa raiz, para implementar contramedidas realmente eficazes para essa causa.
São oito os principais tipos de atividades que não agregam valor em processos de serviços ou de manufatura:
Os 8 desperdícios
Conforme Liker e Meier (2007), o sucesso absoluto na aplicação do Lean Manufacturing depende de três coisas:
1. Foco na compreensão dos conceitos que sustentam as filosofias do sistema enxuto, estratégias para implementação e uso eficaz de metodologias enxutas, em vez de foco na aplicação descuidada de ferramentas enxutas (kanban, 5S, etc.).
2. Firme aceitação de todos os aspectos do processo enxuto, inclusive daqueles que produzem efeitos indesejáveis de curto prazo.
3. Planos de implementação cuidadosamente concebidos que contenham a erradicação sistemática, cíclica e contínua das perdas.
Neste momento você deve estar se perguntando quais são os princípios do pensamento enxuto. De acordo com o Womack e Jones (2010) são esses:
De acordo com a literatura, o número de empresas utilizando o Lean Manufacturing vem crescendo significativamente em todos os setores, sejam eles de manufatura ou não. Porém, é importante levar em consideração que a implementação do Lean Manufacturing é trabalhosa e depende de uma mudança cultural na empresa.
Infelizmente, somente imitar um sistema utilizado na Toyota ou utilizar ferramentas Lean, não o farão obter sucesso absoluto na aplicação do Lean Manufacturing.
LIKER, J. K.; MEIER, D. The Toyota Way Fieldbook: A practical guide for implementing Toyota’s 4ps. New York, USA: McGraw-Hill, 2007.
WOMACK, J. P.; JONES, D. T.; ROOS, D. A máquina que mudou o mundo: baseado no estudo do Massachusetts Institute of Technology sobre o futuro do automóvel. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
WOMACK, J. P.; JONES, D. T. Lean thinking. Banish waste and create wealth in your corporation. 2ed. Free Press, 2010.